segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Handebol 2 - Handebol adapatado - conceitos

Handebol em Cadeira de Rodas
                   Profa.  Vanira Maria Laranjeiras Lins
Conceitos
  Subjetivamente, a expressão esporte adaptado denomina qualquer esporte praticado pelas pessoas  com deficiência em nosso país.
  Na concepção de Araújo (2010), “há o esporte adaptado como conteúdo na escola, que está relacionado  ao sistema de educação especial e tem objetivos semelhantes ao da Educação Física dentro desse processo [...]”.
Experiências esportivas modificadas ou especialmente designadas para suprir as necessidades especiais de indivíduos. O âmbito do esporte adaptado inclui a integração de pessoas portadoras de deficiências com pessoas 'normais’ [...] (Winnick apud Araújo, 1997).
De acordo com Duarte e Werner (1995), o esporte adaptado consiste em adaptações e modificações em regras, materiais, locais para as atividades, possibilitando a participação das pessoas portadoras de deficiências nas diversas modalidades esportivas.
Nesse contexto, conforme Gorgatti e Gorgatti (2005), o esporte adaptado pode ser definido como esporte modificado ou especialmente criado para ir ao encontro das necessidades únicas de indivíduos com algum tipo de deficiência.
Características de uma cadeira de rodas esportiva:
§Leveza,  durabilidade, estabilidade e segurança (Obs: ausência de freios);
§Cambagem – é a inclinação da roda de um veículo em relação ao plano horizontal. Seu valor é denominado ângulo de cambagem;
§Caster - é o angulo do pino mestre em relação à linha vertical que passa pelo centro da roda, olhando-se o veículo de lado, conforme o desenho:
Iniciação ao treinamento do handebol adaptado
  A principal diferença existente entre o treinamento do handebol tradicional e o HCR, é o manuseio, o desempenho na cadeira de rodas.
  Em experiências práticas realizadas foi possível identificar a facilidade com que os atletas aprendem os elementos fundamentais do jogo de HCR, possibilitando experiências precoces de sucesso, proporcionando um processo de motivação para este esporte.
  Portanto, o HCR tornou-se uma modalidade atrativa, e poderá ser uma  importante ferramenta no processo de inclusão social da pessoa com deficiência.
Fundamentos Técnicos
1.Manuseio da cadeira
         A condução da cadeira é fator determinante no desempenho em jogo, pois dela depende a conquista dos melhores espaços para conseguir pontuar no jogo. Além das capacidades físicas inerentes à realização do esforço mecânico, o manuseio da cadeira requer raciocínio lógico e noção espaço-temporal, fatores determinantes das ações evasivas e da procura por espaços livres.
O deslocamento proporcionado pelo manuseio da cadeira envolve três fases distintas e complementares:
§ Propulsão: consiste em aplicar a força manual no intuito de deslocar a cadeira para frente ou para trás;
“Se o aluno tiver que deslocar a cadeira para trás, o toque deverá ser na frente da linha do quadril; o atleta deverá colocar seu corpo adiante, como vemos na figura, e percorrer o aro da cadeira, na altura do quadril, com a elevação do tronco” (Teixeira e Ribeiro, 2006, p. 36).
§ Deslizamento: consiste em aproveitar a força aplicada na fase de propulsão, de modo a aproveitar um espaço maior de deslizamento da cadeira com as mãos livres;
§Frenagem: consiste em parar o movimento da cadeira segurando-a pelo aro. Quanto à forma de frenagem da cadeira, o atleta deverá usar ambas as mãos ou uma delas, dependendo da situação, e, imediatamente deve inclinar seu tronco para adiante e exercer uma pressão no aro da cadeira,  à frente do quadril.
A aplicação da força manual em apenas um lado da cadeira produz a realização de trajetórias curvas, as quais podem ser potencializadas pela alternância entre movimentos de propulsão e frenagem.
  O treino de quedas da cadeira e o levantar após as mesmas deve fazer parte do período de iniciação, para que o atleta adquira a desenvoltura e segurança necessárias ao seu desempenho. Para este treinamento, é recomendável a utilização de colchões e/ou colchonetes, para evitar lesões.
O atleta sempre terá que colocar seu corpo para frente quando a cadeira empinar e se ela for tombar, deverá levantar (proteger) a cabeça, evitando o choque da mesma no chão.
2. Passe e Recepção
  Os fundamentos de passe e recepção são semelhantes aos de handebol de salão; apenas podem ser adaptados em razão da existência de deficiência em membros superiores.   O tamanho reduzido da bola de handebol permite ao cadeirante uma mobilidade maior e a possibilidade de domínio, mesmo com o comprometimento destes membros .
  A participação de jogadores de diferentes tipos e níveis de deficiência exige da equipe maior atenção e concentração, a fim de adequar força, trajetória e velocidade do passe às condições específicas do jogador que recepcionará a bola.
2.1  Passe: É a ação de enviar a bola para o seu companheiro ou determinado setor de jogo.
Tipos de Passe:
§ Passe de ombro ou retilíneo: é o mais veloz, porém exige precisão tanto de quem passa como de quem recebe. O braço deve formar um ângulo reto (90̊) com o tronco e o antebraço, garantindo a trajetória reta do passe. O papel do punho na finalização do passe é fundamental para retificar sua velocidade e  trajetória.
§ Passe picado ou quicado: quando a bola toca o solo uma vez antes de ser recepcionado pelo companheiro; nesse tipo de passe a bola é atirada ao solo em trajetória diagonal. No HCR assume um papel fundamental, uma vez que facilita a ação de recepção, especialmente pelos atletas que apresentam comprometimento de membros superiores.
A identificação do ponto onde a bola  deve tocar o chão para facilitar a ação de recepção, tem se mostrado eficaz no desenvolvimento da noção espaçotemporal.
§Passe parabólico: muito utilizado em contra-ataques, o passe parabólico é aquele no qual a trajetória da bola é realizada em uma altura que permita transpor adversários, sem que lhes seja possível interceptar o passe.
2.2 Recepção
É a ação de interromper a trajetória da bola, vinda de passes ou arremessos.
Tipos de Recepção:
§ Com uma mão: recomendada apenas para quem tem empunhadura suficiente para este tipo de recepção, que apesar de acelerar o jogo, é muito sujeita a erros em razão da alta precisão de movimentos que exige.
§Com duas mãos:
a) Alta ou média – os dedos devem estar ligeiramente flexionados e os braços acompanham a trajetória da bola, de modo a amortecer o impacto sobre os dedos;
b) Baixa – o atleta pode utilizar a roda da cadeira para trazer a bola para cima, de modo a poder empunhá-la com as duas mãos. Esse movimento permite que o atleta recepcione a bola junto ao solo sem necessidade de parar a cadeira.
§Como fazer a recepção da bola: braços  e dedos ligeiramente flexionados, acompanhando a trajetória da bola, de modo a amortecer seu impacto nos membros superiores do jogador que a recebe. Pode ser realizada utilizando ambas ou uma das mãos, sendo recomendável a utilização de ambas, para evitar erros que impliquem em perda da bola.
§Erros comuns na recepção: a)manter os dedos e braços excessivamente rígidos. Além de dificultar a recepção, pode provocar contusões diversas; b)receber a bola e passar imediatamente ao drible. Isto impede a utilização dos três toques na cadeira e a visualização do jogo, fazendo com que o atacante concentre-se na bola e perca a visão dos jogadores e do gol adversários.
2.3 Condução
É a ação de progredir com a bola por todos os espaços da quadra de jogo.
Como há o impedimento regulamentar de carregar a bola sobre as pernas, a condução da bola exige uma relação direta com o manejo da cadeira e pode ser feita de duas formas distintas:
§ Com uma mão: exige que, ao driblar a bola, o jogador  aplique uma força maior, fazendo com que a mesma suba e se desloque para frente o suficiente para que o atleta possa fazer uma propulsão na cadeira.
§ Com alternância das mãos: exige uma coordenação motora mais apurada, com a finalidade de tornar simultâneos os movimentos de drible com a mão esquerda e propulsão com a mão direita, seguidos da inversão dos movimentos – drible com a mão direita e propulsão com a mão esquerda. Essa alternância é regulamentar e pode ser utilizada pelo tempo que for necessário, desde que não caracterize jogo passivo.
2.4 Arremesso
Constitui-se em um dos mais importantes fundamentos do handebol, pois é a partir dele que os gols são efetuados. É a parte final da técnica ofensiva e depende do desenvolvimento da capacidade de se deslocar,  transportar a bola e arremessá-la à trave adversária.
Tipos de arremesso:
§Frontal ou de ombro: é o de maior potência e utiliza os mesmos princípios do passe de ombro.
O aproveitamento da aceleração da cadeira contribui para o aumento da potência  do arremesso.
§ Lateral ou rasteiro: indicado para arremessos junto ao solo, visa surpreender o goleiro, uma vez que ele só terá contato com a bola após a mesma passar pela defesa, reduzindo o seu tempo de ação.
§Parabólico: bastante utilizado contra goleiros que avançam com a cadeira, para fechar os ângulos de arremesso. Exige do arremessador alta  precisão espaçotemporal. O gol realizado com esse tipo de arremesso transmite confiança e segurança para toda a equipe.
2.5 Bloqueios
1. Bloqueio Ofensivo:
Consiste em bloquear a movimentação da cadeira adversária e é determinado pela antecipação de movimentos do atacante pelo defensor, pois a ação deve ser realizada sem colocar em risco o equipamento do adversário.
2. Bloqueio Defensivo:
Similar ao bloqueio do handebol de salão, é realizado pela elevação dos braços, impedindo a trajetória da bola em sua direção.
Fundamentos Táticos
Obedecem aos mesmos princípios do handebol de salão, tanto nas defesas individuais e por zona, como nas linhas ofensivas.